domingo, 23 de outubro de 2011

Naus, caravelas, buques e galeões

As caravelas estão profundamente associadas ao Descobrimento do Brasil. Apesar disto, é dificílimo encontrar, primeiro em um site nacional, uma planta, um esquema, uma boa foto deste navio tão falado em nossa História.

Garimpamos as fotos nos museus navais pelo mundo, até achar fotos razoáveis em termos de fornecer uma idéia precisa de como era a forma deste navio tão importante.

As fotos, da caravela Pinta (uma das naus da expedição de Colombo) foram achadas no Museo de la Carabela Pinta, já que os nomes das duas caravelas de Pedro Álvares Cabral não podem ser determinados com precisão. Suspeita-se que ele estivesse a bordo da caravela São Gabriel. A nau sota-capitânia tinha o nome El-Rei.


Fonte: http://www.baiona.org

No entanto, pela natureza da missão de Pedro Álvares Cabral, um militar, e não um capitão de nau, sua caravela estaria mais próxima de um Galeão militar.

Peso aproximado: 25 toneladas (25.000 quilos) ou 100 toneladas (caravelas da armada espanhola e da inglesa).

Capacidade: 15 toneladas de carga, perfazendo um total de 40 toneladas de deslocamento.

As caravelas eram navios esguios, com os quais se podia navegar muito bem em zigue-zague, aproveitando os ventos que inflavam suas velas latinas. Elas serviram bem às expedições de descobrimento entre 1440 e 1488. Os portugueses se deram conta de que para os mares mais bravios a caravela não apresentava a resistência pedida. Também o espaço na caravela era reduzido para a carga, e para trazer mercadorias das Índias era necessário maior espaço.

Portugal desenvolveu sobremaneira os seus dotes de Engenharia Naval, produzindo o Galeão, capaz de deslocar de 300 a 800 toneladas, e levar uma tripulação de 200 pessoas. A nau de Cabral levava 80 marinheiros, 70 soldados e mais 33 passageiros, portanto se tratava de mais do que uma caravela, que, em sua concepção inicial levava 25 passageiros, que depois foi estendida para 50 passageiros. Se usaram o nome caravela foi mais pelo modelo a que estavam acostumados do que pelo que realmente foi usado.

A capacidade também está sujeita a erros, pois o tonel não correspondia à nossa conhecida tonelada, e sim a aproximadamente 793 Kg, gerando erros de interpretação.

Cabral já recebera autorização de comissão do que seria trazido das Índias na segunda parte de sua viagem, e o casco da Caravela era muito esguio para trazer a sua parte. Portanto, a nau de Cabral não era a caravela como conhecida nos manuais de construção naval Portugueses. Era uma nau maior, quase um Galeão.

Toda a apreciação em torno dos números de carga e passageiros das naus portuguesas deve ter como referência o número dado por Adolfo Antônio da Silveira Martins : 2,5 tonéis (e não toneladas) por homem. Portanto, a nau de Cabral, com seus 183 homens deveria ter 458 tonéis, ou seja, 458 x 793 Kg (363194 Kg = 363 toneladas).

Pelo número calculado, realmente o navio de Cabral se aproxima da capacidade do Galeão (500 toneladas).

Dimensões dos diversos barcos Portugueses


Caravela - Derivada da forma dos barcos Ibéricos de pesca, aumentada, com 2 ou 3 mastros.
Comprimento: 22.8 m
Altura do convés até o fundo: 3m
Altura do mastro: 7.6 m
Deslocamento: 60 t

Galeão Menor (Carrack) - A Santa Maria da expedição de Colombo era realmente um Galeão.
Comprimento: 34.1 m
Altura do convés até o fundo: 5.18 m
Altura do mastro: 10 m
Deslocamento: 180 t


Nau - Barco inspirado nas "naves" italianas.
Comprimento: 21.9 m
Altura do convés até o fundo: 3.6 m
Altura do mastro: 6 m
Deslocamento: 65 t


Fontes: 
Naos, Carabelas y Galeones, (SECRETARÍA DE MARINA-ARMADA DE MÉXICO )
História de Portugal (José Tengarringa)
A Caravela (Francisco Contente Domingues)
A arqueologia naval Portuguesa - Univ. Autônoma de Lisboa - 2001 (Adolfo Antônio da Silveira Martins)
SHIPS - History and Especification of the 300 world-famous Ships (Chris Bishop)




sábado, 27 de agosto de 2011

Por que os Portugueses vieram para o Brasil

Fazendo uma breve inspeção em um mapa ou globo terrestre, constatamos que Portugal tem alguns aspectos geográficos que o tornam e realmente tornaram candidato a procurar mais espaço territorial.

Condição geográfica


  • Sua situação é semelhante, guardadas as devidas proporções, à de Israel, ou seja, uma terra "espremida" entre uma grande nação - a Espanha - e uma grande quantidade de água salgada - o oceano Atlântico. Israel também está espremido entre uma grande nação (não estamos falando de países) árabe fortemente enraizada na religião muçulmana e o Mar Mediterrâneo;
  • Proximidade da África, com consequente influência moura à época das grandes navegações, produzindo um tipo físico misturado e preparado para a mistura racial que iria praticar em suas colônias;


No caso de Portugal, esta condição geográfica se somou a outros fatores e gerou o lançamento de Portugal à aventura de conquista de outros territórios além mar. No caso de Israel, lançou esta teimosa nação às conquistas tecnológicas, à excelência no preparo de um exército, à quase perfeição no aproveitamento da água e a uma educação primorosa focada na contínua busca pelas tecnologias de ponta.

O caráter do Português

Novamente a situação geográfica explica um passado cultural que, segundo o livro de Gilberto Freire - Casa Grande e Senzala - fazia o Português oscilar entre a Europa e a África, tendo nas veias um sangue híbrido de mouro, brano e negro. Isto lhe dava alguns característicos, segundo Ferraz de Macedo:


  • Comportamento violento;
  • Gosto por piadas de fundo erótico;
  • Brio, franqueza e lealdade;
  • Pouca iniciativa individual;
  • Patriotismo vibrante (basta ver a letra do hino nacional Brasileiro);
  • Imprevidência (desleixo, descuido);
  • Inteligência;
  • Fatalismo;
  • Aptidão para imitar;


Destes traços de caráter, o comportamento violento, o brio, o patriotismo e a inteligência ajudaram na difícil tarefa de colonizar uma terra já ocupada. Por vezes, um pouco de violência é necessário para se levar a cabo tão grande empreendimento.

Situação de paz

O caráter do português, apesar de violento em certo aspecto, não o fazia belicoso. Ao se estabelecer nas colônias portuguesas, perceberemos o forte caráter religioso e familiar do Português. Já os ingleses, franceses, prussianos e alemães, entre outros povos europeus, pelas suas origens bárbaras, sem sofrer a influência de outros povos, como foi o caso dos Portugueses em relação aos mouros, desenvolveram, ou solidificaram uma tendência ao nacionalismo e expansionismo, como vamos observar em relação ao colonialismo na África mais tarde na história.

Como a beligerância e o armamentismo são consumidores vorazes de capital, ao não fazê-lo, Portugal garantiu uma reserva capaz de financiar o seu grande empreendimento colonial.