quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Aposentadoria aos 65 anos

A enorme celeuma em torno do propalado deficit da Previdência demonstra uma verdade inquestionável.
Os órgãos do Governo estão coalhados de técnicos cujo raciocínio se resume ao imediatismo.

Apenas conhecendo o comportamento da população brasileira, expresso nas ações que os cidadãos tomam, que orbitam também ao redor das soluções mais fáceis, que não exijam muito esforço, podemos GARANTIR que a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria vai ser um TIRO NO PÉ dos próprios governantes.

Preste a atenção nestas duas regras:

- Para alcançar os 100% de aposentadoria, será preciso contribuir por 49 anos;
- Para obter o direito à aposentadoria é preciso contribuir, no mínimo, durante 25 anos;

O brasileiro, sempre muito esperto, avesso a impostos e regras, vai pensar da seguinte forma:

"EU NÃO VOU DAR 49 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO PARA O GOVERNO"

Nesta forma de metaforização, o cidadão vai reagir contra as autoridades, confundindo uma poupança futura com o jugo monetário dos governantes.

Como resultado, os jovens não terão pressa em entrar para o MERCADO FORMAL de trabalho. Para que ? Para o governo começar bem cedo, e durante quase meio século, a coletar seu suado dinheirinho ?

A desculpa da longevidade

Imediatamente no momento em que as regras começarem a valer, o impacto psicológico sobre o trabalhador será o dele viver bem menos. Ele perceberá que, dificilmente, vai usufruir de seus benefícios de aposentado. Quando ele pensar que vai ter que trabalhar por praticamente meio século (e não mais 35 anos, que corresponde a pouco mais de um terço de século), ele vai definhar por dentro.

Os jovens já estão apresentando um perfil preguiçoso. Com este projeto de reforma, eles vão preferir ficar ociosos até 30/40 anos, para só depois começar a contribuir para a previdência.

Dizer que a população está vivendo mais não é desculpa para se dizer, quase em tom de vingança:

"SE ESTÃO VIVENDO MAIS, QUE TRABALHEM MAIS"

Cabe ao governo achar as saídas no orçamento para resolver o problema. Que se aumente o percentual da arrecadação de apostas nas numerosas loterias governamentais direcionado à Previdência. Que se corte benefícios exagerados dos membros do Executivo e Legislativo, bem como do judiciário, pois vivem em condição nababesca em relação ao cidadão comum.

Que se acabe com a farra demonstrada pela operação Lava-jato com o nosso dinheiro, e aí o prejuízo vais se mostrar como verdadeiro lucro.

Nossa participação nos lucros

De uns anos para cá a PL (Participação nos Lucros) vem sendo paga pelas empresas a todos os seus empregados. De uma forma ou de outra, todo empregado contribui para que a empresa se mantenha, pois seu salário vem dali. Ora, nossos avós e pais não ajudaram a construir as empresas ou negócios em que trabalharam ? E nós, não estamos ajudando a construir, a manter e a fazer crescer as empresas nas quais trabalhamos ?

É mais do que justo, é extremamente lógico e coerente que o aposentado possa auferir os lucros do PIB (Produto Interno Bruto) deste grande e riquíssimo país que é o Brasil.

Portanto, a fonte de recursos para se pagar a aposentadoria não deve vir somente das contribuições dos trabalhadores, e sim ser acrescida de uma parte do PIB que ele gerou. E se o PIB não for positivo, cabe aos gestores agirem com honestidade, não tirando para si propina, e nem tentando burlar a regra de aposentadoria que vale para o povo, tentando criar regras diferentes para si mesmos.

A farsa do deficit

Segundo a ANFIP (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), a Previdência não teve prejuízo, e sim lucro, nos últimos anos:

Saldo positivo de R$ 59,9 bilhões em 2006; R$ 72,6 bilhões, em 2007; R$ 64,3 bi, em 2008; R$ 32,7 bi, em 2009; R$ 53,8 bi, em 2010; R$ 75,7 bi, em 2011; R$ 82,7 bi, em 2012; R$ 76,2 bi, em 2013; R$ 53,9 bi, em 2014.


Conclusão

A aposentadoria aos 65 anos é uma forma de matar o trabalhador, antes que possa usufruir daquilo que juntou com o seu trabalho. É a escravidão por idade.