Origem da expressão
A lavagem de dinheiro é invenção do lendário criminoso Al Capone.Para legalizar o dinheiro obtido na chantagem e ameaça de comerciantes, ele adquiriu uma rede de lavanderias, a "Sanitary Cleaning Shops".
O dinheiro graúdo das cobranças criminosas de "taxas" de proteção dos comerciantes era transformado em dinheiro miúdo, em notas pequenas, dos pequenos pagamentos dos fregueses pelo serviço de lavagem de roupas.
Aumentando o faturamento
Na época não havia estimativas da média de faturamento nem deste tipo de negócio e nem de nenhum outro por parte da Receita Federal americana. Portanto, a lavanderia poderia declarar qualquer faturamento mensal e anual, legalizando o dinheiro de origem ilícita através de ganhos lícitos.Esclarecendo melhor, vamos supor que o movimento diário fosse de 200 dólares diários. Ora, a loja podia declarar que recebia 400 dólares por dia, pois não existiam estatísticas de faturamento para este tipo de negócio. Hoje a coisa seria diferente, pois até a despesa com energia elétrica por tipo de negócio a Receita possui, bem como de água, sabão, peças de reposição, etc.
Lavagem por investimento
É o tipo mais frágil por ser de mais fácil rastreio, pois o dinheiro não entra em negócios existentes. É a forma de uso mais comum por corruptos "preguiçosos", e por isto foi fácil a Polícia Federal descobrir as centenas de envolvidos. O único dificultador é o fato do dinheiro mudar de pais.Fase 1 - Colocação
O dinheiro SUJO é colocado em uma instituição bancária. O cuidado é colocar o mesmo aos poucos, pois grandes depósitos provocam suspeitas, e o sistema financeiro exige o relatório imediato de fatos deste tipo. Mesmo o volume de cada depósito sendo pequeno, é preciso tomar cuidado para que não acumule um montante significativo. É preciso utilizar mais de uma conta. Mas ainda existe o problema do CPF. O montante por CPF pode se tornar muito significativo. O que se faz ? Usa-se os parentes e os "laranjas", alguns deles até defuntos.Fase 2 - Ocultação
Nesta fase o delinquente faz várias transferências, utilizando valores bem diferentes, de quantias quebradas, de preferência com centavos no valor, para parecer despesa lícita. A transferência pode ser de pura transferência de uma conta de pessoa física para outra, ou para uma pessoa jurídica, como se fosse um pagamento. Pode-se combinar uma comissão do receptador, que vai declarar um valor de venda mais alto do produto, para retirar sua participação, afinal foi um dinheiro ganho desonestamente mesmo. O produto deve ser, de preferência, caro.Fase 3 - Integração
Nesta fase, o dinheiro deve ser reaplicado em negócios lícitos. O delinquente transfere quantias, a título de investimento, para pessoas jurídicas, como se fosse um investidor.Lavagem pelas empreiteiras
O princípio básico da lavagem de dinheiro no caso Petrobrás foi feito através da modalidade de superfaturamento misto com investimento na fase de ocultação. Tudo parece legal, mas a custa dos cofres de nossa mais lucrativa estatal. O controle precisava ser muito bem feito, devido à quantidade de transferências e ao pagamento de políticos que ajudavam a esconder as operações, não sondando as irregularidades, não denunciando o superfaturamento, não levantando suspeitas sobre os outros políticos, e mantendo a opinião pública afastada da Petrobrás, das empreiteiras e inventando projetos polêmicos para distrair o povo.O esquema tentava cercar todas as possibilidades das irregularidades virem a vazar.
O acréscimo de doleiro
O doleiro é mais um fator dificultador na investigação da Fase 2 pela Polícia Federal. No caso Lula, o pagamento de uma despesa de publicidade foi feita através de depósito em uma conta na Espanha, em moeda estrangeira.O uso de doleiros é uma faca de dois gumes. Se por um lado dificulta o rastreamento do dinheiro, doleiros são muito visados, pois são notórios como participantes de transações ilícitas. No caso da Petrobrás, foi justamente através da prisão do doleiro Roberto Yussef que todo o esquema foi descoberto.
Conclusão
O dinheiro de transações lícitas possui uma cadeia de rastreio institucional clara e bem associada tanto ao sistema financeiro quanto ao sistema comercial. Já o "lavado" é bem conhecido, pelo tipo de trajeto, pelo volume e pela "aparência" de transação de investimentos, e nem todo delinquente financeiro tem a necessária paciência para fazer tudo bem feito, pois tem pressa em usar os seus "ganhos".E lembrem-se: Propina não tem recibo. As provas da lavagem são obtidas por rastreio e paridade.