quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Ditadura do proletariado - Riqueza para todos

Conforme depoimento publicado em vídeo em janeiro de 2013, Fernando Gabeira, um dos porta-vozes da esquerda brasileira, disse textualmente que a guerrilha brasileira, durante o período da ditadura dos anos 64-80, não pretendia implantar o socialismo, e sim a ditadura do proletariado.

O que é esta ideologia ou conceito de governo ?

Ditadura do proletariado

Esta “democrática” forma de governo pretende determinar a hegemonia da classe trabalhadora sobre a “burguesia”, ou seja, banqueiros, capitalistas, financiadores e empresários. Esta forma de governo seria temporária, para depois desaguar no Comunismo.

Vamos analisar a lógica desta forma de transição, no contexto Brasil, e até suas derivações psicológicas.

Revolução Industrial e Capital

Em primeiríssimo lugar, a Ditadura do Proletariado, quando ainda em estado de forma de pensamento, só surgiu devido à viabilização da Revolução Industrial. E quem financiou o aparelhamento material para a Revolução Industrial foi a burguesia.

Perguntamos:

Qual é a entidade social tem a competência para promover a melhoria da Sociedade ?

Por um acaso poderíamos dizer que as Corporações de Ofício do feudalismo se encaixariam neste tipo de entidade ?

É preciso ter em mente que a simples Organização, SEM CAPITAL, só gera ordem, mas não crescimento. As máquinas precisam de energia para trabalhar. Os empreendimentos precisam de investimento para crescer. A ordem, sozinha, é interessante, louvável e muito boa de se mostrar. Mas não gera crescimento, não gera progresso. Progresso e melhoria só são possíveis com investimento.

Existem dois tipos de vocações pessoais frente ao trabalho:
  • Os que querem se capacitar e especializar em uma forma de trabalho;
  • Os que querem acumular capital;
Não entraremos naqueles que tem um misto destes propósitos.

A Riqueza

Uma vez que tenhamos pessoas contidas em cada um dos grupos de vocação citados, temos as condições necessárias para criar Riqueza. Trabalho sozinho não é riqueza. Capital sozinho também não o é.
A Riqueza é gerada pela conjugação de Trabalho e Capital.

Socialismo

É a forma de harmonização de Trabalho e Capital onde tanto os meios de produção quanto sua distribuição são repartidos entre todos.

Os teóricos, no entanto, nunca entraram no mérito do PISO MÍNIMO DE SUSTENTABILIDADE PARA A SOCIALIZAÇÃO. Este piso pressupõe um coeficiente inicial entre RIQUEZA e QUANTIDADE DE BENEFICIADOS.

Em outras palavras, um país deve atingir um patamar mínimo de Riqueza para que se comece a pensar na sua distribuição.

Nossa Riqueza

Em termos de Brasil, temos que considerar a nossa extensão territorial, a densidade da riqueza vegetal e mineral, as condições viárias para cobrir esta extensão, a eficiência do Governo Federal para gerir a distribuição tanto das matérias-primas quanto da produção, o volume de capital disponível para financiar os meios para compatibilizar estes parâmetros em algo que possa crescer e o sistema legal para que este crescimento não seja emperrado.

O Brasil tem muita riqueza potencial, armazenada em uma extensão muito grande, com uma densidade populacional muito heterogênea, que está longe de se transformar em Riqueza REAL no patamar mínimo para viabilizar a sua distribuição. Nosso país tem mais pobreza do que riqueza para distribuir.

Ainda importamos a maior parte dos produtos de aço que nosso minério de ferro pode produzir. Oferecemos gasolina e diesel ao consumidor com um preço muito acima do que ele pode pagar, considerando o nosso potencial de exploração. Oferecemos energia elétrica caríssima para uma demanda de um país ainda em crescimento. Ainda não temos sequer UMA fábrica de automóveis de uma marca brasileira. E ao mesmo tempo exportamos muito pouco em relação ao que temos disponível em matéria de riqueza potencial.

A Rússia, em 1917, não tinha nem pobreza para distribuir. Ela tinha realmente miséria pura e simples. Citamos isto para que o leitor tenha a noção do devaneio que os teóricos russos tiveram na época. E o Brasil importa ideias sem ao menos as avaliar e questionar.

Algumas notícias enfatizam que alguns poucos bilionários tem metade da riqueza de todos os pobres no Brasil. Isto significa que eles possuem uma riqueza que, uma vez distribuída, tornaria a vida dos pobres bem melhor ? Não. E por que ? Porque o que temos de riqueza que circula está num patamar pífio, medíocre, e bem abaixo do que um país de dimensões continentais pode produzir.

Quando citamos alguns requisitos no início deste item do artigo, um deles ficou de lado:

A disposição individual para trabalhar.

A rotatividade nos empregos, bem como o despreparo do trabalhador para a sua função, o conformismo, a sensação de incapacidade para melhorar compõem um sistema filosófico vigente e bem propagado verbalmente, a ponto de virar cultura, de que não adianta se esforçar no Brasil. Vem as desculpas de que a culpa é dos políticos (como se fossem eleitos pelos Ets, e não pela própria população), da corrupção e dos empresários.

Empresários são tratados como inimigos. Patrões são tidos como algozes. Sindicatos são tratados como se fossem instituições militares de resistência ao patrão opressor e aos capitalistas. No Brasil não existe luta de classes e sim guerra contra os ricos.

O trabalho é visto como uma tortura, para alguns, e como abrigo para incapazes, por outros. O trabalhador que ser auxiliado pelo governo. Daí sonha com a distribuição de renda. O trabalho é visto como dever, ao invés de ser visto como direito.

As pessoas, em nosso país, tem uma visão individualista do trabalho, pensando somente no recebimento do salário, ignorando o seu lado útil, que é o da construção e manutenção da sociedades, e não só da própria família.

O trabalhador já reivindica, neste estágio tão primitivo de desenvolvimento do Brasil, a divisão da riqueza, e pelo fato de ainda não ver tal possibilidade se vê desmotivado, insatisfeito com o governo. E para conseguir isto, é capaz de outorgar a qualquer oportunista ou populista milagreiro o seu poder de decisão, pois espera mais dos outros do que de si mesmo.

Mas existe algo ainda pior para prejudicar a mente do trabalhador.

Ideias externas de prosperidade

O brasileiro fica deslumbrado com as teorias e ideologias que vem de fora. Ele ignora que a Europa tem milhares de anos de história, tendo passado pela Guerra dos Cem anos, Inquisição, Revolução Francesa (protótipo para a luta pela igualdade e liberdade), Peste Negra, duas guerras mundiais, guerra fria. Ignora igualmente que Estados Unidos já passou por uma Guerra Civil e pela Guerra Fria, e que foi capaz de gerar riqueza de forma acelerada por se preocupar com uma malha ferroviária compatível e por ter uma cultura fortemente patriótica. O espírito americano é coletivo. Eles se unem rapidamente para resolver seus problemas e respeitam mais as suas leis do que nós.

Estamos mais dispostos a sair do Brasil para fazermos nosso futuro do que a ficar e fazê-lo funcionar como deve, utilizando a riqueza farta de que dispomos. É mais fácil fugir do problema.

Conclusão

Ao propor a Ditadura do Proletariado, seus teóricos partiram de uma situação muito cômoda, estabelecida por terceiros, e não por eles mesmos. Depois que se estabeleceu uma classe que investiu na Revolução Industrial (1820-1840), em tempos muito difíceis, sem Mecânica de Precisão, sem computadores, sem a Mecânica pesada para extração de matérias-primas, estes teóricos vieram reivindicar o aproveitamento destes meios propiciados pelos investidores. O mundo foi tirado da obscuridade.

O movimento iniciado na Rússia, associado ao repúdio pela monarquia vigente, veio cedo demais, deixando influências em outros países, que viviam outros contextos. O Socialismo poderia, se não fosse pensado antes da industrialização, ser concebido sobre os contextos pós anos 1970, quando surgiu a indústria automobilística, verdadeira mobilizadora de recursos de várias áreas, e que propicia a ferramenta mais democrática de circulação tanto de mercadorias quanto de pessoas.

Karl Marx concebeu suas ideias sobre Capital e Trabalho sem observar a real dimensão que esta relação poderia atingir. Seria como exigir do grego Demócrito que concebesse a teoria atômica sem conhecimento das partículas atômicas e conseguir prever a fissão e a fusão nuclear, bem como os efeitos observados nos aceleradores de partículas. Seria o mesmo que pedir ao filósofo Sócrates que previsse os inúmeros Transtornos psicológicos registrados a partir dos anos 1990.

Precisamos ter a nossa própria cultura. E qual deve ser a sua base ? A base deve ser compatível com o nosso contexto, ou seja, reconhecer que moramos em um grande país, reconhecer que somos individualistas, e que devemos pensar no coletivo, sem ilusões socialistas. Temos que ter a consciência de que não estamos no patamar social da Europa ou dos Estados Unidos. O Brasil vai ter que trabalhar muito ainda, para fazer jus à quantidade de riqueza potencial disponível no solo, em termos minerais e vegetais.

E sobretudo, não alimentar ilusões proporcionadas por ideologias que nunca deram certo em outros países, ou que deram certo, porém num contexto completamente diferente do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário